Quantas vezes se sentiu incomodado com alguém que chegou muito perto de você? Certamente alguma vez já se sentiu assim sem nem entender o porquê.
Segundo Edward Hall, antropólogo norte-americano, o ser humano possui necessidades espaciais. Eu explico: o ser humano possui uma “bolha de ar” portátil que é seu espaço pessoal. Ela varia de acordo com cada cultura: uns precisam de espaços mais abertos, outros aceitam espaços mais fechados, como os japoneses.
Para se ter ideia da importância disso para o ser humano, na década de 1990, houve aumento de atos de violência realizados por passageiros de aviões pelo simples fato de as companhias aéreas terem diminuído os espaços entre eles. A proximidade excessiva gera desconforto, sentimento de invasão de privacidade e até estresse.

Esses espaços invisíveis são divididos nas seguintes zonas, variando mais ou menos entre homens e mulheres:
• Zona íntima: gira em torno de 14 cm a 46 cm de distância de nosso corpo. Permitimos que pessoas realmente íntimas como familiares, animais de estimação, grandes amigos e amantes se mantenham nesta zona;
• Zona pessoal: oscila entre 46 cm e 1,20 m. Em festas e eventos, geralmente nos mantemos a esta distância dos demais presentes;
• Zona social: vai de 1,20 m a 3,60 m. Mantemos esta distância de pessoas que nos prestam serviços como atendentes de lojas, carteiros, novos colegas de trabalho, novos funcionários ou pessoas que não conhecemos muito;
• Zona pública: acima de 3,60 m. Usamos esta distância para grandes plateias como, por exemplo, quando falamos em público para diversas pessoas.
Quando alguém se aproxima de nossa zona íntima, reações ocorrem em nosso corpo: aumenta nosso batimento cardíaco e o sangue é bombeado para o cérebro, que prepara nossos músculos para uma possível fuga. Por isso, nem sempre abraçar uma pessoa num primeiro encontro pode ser a melhor escolha.
Manter a distância pode ser a razão de ganhar ou perder um negócio, de causar simpatia ou antipatia teoricamente gratuita. Já reparou como quando entramos num elevador praticamente não dirigimos olhares e nem falamos muito? Nessa situação, ainda fazemos aquela “cara de paisagem” e brincamos de estátua, salvo para liberarmos passagem para quem vai descer antes de nós.
E, já viu quantas pessoas chegam estressadíssimas ou tristes em seus trabalhos depois de um tempo dentro de um trem ou ônibus lotado? Isso ocorre porque suas zonas íntimas são invadidas por estranhos e nada pode ser feito a esse respeito. Muitas empresas oferecem ônibus fretado justamente para que seus colaboradores cheguem mais tranquilos para trabalhar. Faz total sentido, não?
Multidões enfurecidas são perigosas pois os espaços entre as pessoas diminuem e aumenta a hostilidade entre cada um. Assim, a multidão se torna irada e ameaçadora, sendo palco para o início de muitas brigas.
Esta invasão de zonas também é um fator que contribui para que cidades superpopulosas possuam pessoas mais doentes: a aglomeração produz mais adrenalina e, por consequência, aumento de estresse.
Outra prova da nossa busca incessante por nosso espaço são os disputados apoios de cadeira no cinema e no avião.
Enfim, ter essa consciência pode ser uma boa ferramenta para que possamos viver melhor.
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Luciana Salgado
Luciana Salgado
Luciana Salgado é formada em Comunicação, Direito e possui MBA em Gestão Estratégica de Empresas. Atua há mais de 20 anos no mercado empresarial treinando equipes, ministrando palestras e realizando workshops. Defende a ideia de que a comunicação eficaz é a base para o sucesso das relações humanas bem como para a melhoria na produtividade empresarial e pessoal. Amante de pessoas, animais e de um planeta sustentável, pauta suas reflexões na análise comportamental dos seres humanos a da própria natureza, que entende ser uma eterna professora.   Coluna: Conexão Humana - versa sobre a forma como as pessoas utilizam a comunicação para viverem e obterem resultados, dentro e fora do ambiente de trabalho   Periodicidade: quinzenal Mais informações: https://www.linkedin.com/in/luciana-salgado-3b750a84/
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