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Área urbana de Campinas servirá de laboratório para testes de aplicação de IoT em serviços de segurança e iluminação pública

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a primeira operação de apoio a projeto-piloto de internet das coisas (IoT, do inglês internet of things) aplicada ao ambiente urbano: a realização de experimentos de soluções de IoT em segurança e iluminação pública em Campinas. A expectativa é que as tecnologias testadas gerem impactos positivos – como aumento da segurança, redução de gastos com energia e ampliação na oferta de serviços prestados – e possam ser adotadas por outras cidades com características semelhantes.

Selecionada na chamada lançada em 2018, a iniciativa será conduzida pela Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD) e realizada em parceria com a Prefeitura de Campinas. Com investimento total de R$ 9,89 milhões – sendo R$ 2,98 milhões aportados pelo BNDES em recursos não reembolsáveis – o projeto contempla os testes de uso e iniciativas de divulgação e fomento à cadeia de soluções de IoT, como a criação de um centro de demonstrações, publicação de resultados e realização de encontros entre startups e potenciais interessados nos serviços.

“Trata-se de um projeto complexo, que contempla várias aplicações IoT destinadas a melhorar a vida do cidadão nas cidades inteligentes”, afirma o presidente do CPQD Sebastião Sahão Júnior. Ele lembra que, de acordo com o estudo Internet das Coisas: Um Plano de Ação para o Brasil, realizado para o BNDES e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações pelo consórcio McKinsey-CPQD-Pereira Neto/Macedo Advogados, as cidades apresentam desafios tanto para os gestores públicos como para a iniciativa privada, em diversas áreas. “Com o uso adequado de tecnologias IoT, é possível superar esses desafios e contribuir para a maior eficiência da gestão e a melhoria da qualidade dos serviços prestados à população das cidades”, acrescenta.

Segurança pública – Um dos pilotos consistirá na adaptação do sistema de videomonitoramento da cidade, por meio da instalação de 22 novas câmeras e implantação de sistema de visão computacional. O equipamento poderá identificar automaticamente situações anômalas que indiquem possíveis ameaças à segurança pública. A expectativa é de aumento de produtividade dos operadores da Central Integrada de Monitoramento de Campinas e ampliação do controle sem necessidade de contratação de novos agentes.

O segundo projeto a ser testado envolve o videomonitoramento de placas de veículos incorporando tecnologia de processamento computacional em 103 pontos. Enquanto o sistema atual demanda a instalação de cabos de fibra ótica para transmissão das fotos das placas – que são “lidas” remotamente –,o novo modelo utiliza câmeras inteligentes que convertem a imagem em caracteres e os transmitem para a nuvem por meio de rede celular. Nele, apenas as informações relativas a veículos identificados como de especial interesse – como carros roubados ou registrados em nome de investigados – são enviadas. Com isso, espera-se ampliar a capacidade de monitoramento de veículos furtados ou utilizados em ações criminais e reduzir os custos de instalação e manutenção.

Outra iniciativa ligada à segurança pública é a instalação de 100 estações que medirão em tempo real velocidade e direção do vento, temperatura e umidade do ambiente e volume de chuva. Cada uma cobrirá uma área de 5 km2 e estarão conectadas por meio de uma rede de baixo custo de tráfego de dados e com ampla área de cobertura. Com a utilização em escala dessas estações dotadas de pequenos sensores climáticos, os alertas poderão ter como base medições mais precisas, ampliando a confiabilidade do sistema de defesa civil municipal.

Iluminação pública – Com o objetivo de tornar mais eficiente o uso de recursos energéticos, será desenvolvido um projeto-piloto com a instalação de um sistema composto por 350 módulos de telegestão de iluminação pública. Cada luminária contará com luzes de LEDs com ajuste de intensidade, possibilitando economia de energia, além de módulos que permitirão o controle remoto e, em conjunto, constituirão uma rede de comunicação de baixo custo e alta confiança.

A solução possibilitará a medição do gasto de energia em cada ponto. Com isso, a cobrança deixará de ser feita com base em uma estimativa e refletirá o efetivo consumo. A tecnologia permitirá o controle mais efetivo da qualidade do serviço prestado já que será possível monitorar facilmente interrupções de serviço e o nível de uso energético, que é um indicador da qualidade das lâmpadas usadas.

A rede constituída pelo conjunto de módulos também servirá de plataforma de comunicação para o teste de serviço de transporte com carros elétricos compartilhados. A iniciativa é um dos diversos serviços de valor adicionados que podem ser implantados com adoção de IoT, gerando novas fontes de receita e potencializando a sustentabilidade do modelo. A tecnologia pode vir a incorporar novos serviços de cidades inteligentes, como lixeiras e bueiros conectados.

Para o chefe do Departamento de Telecom, TI e Economia Criativa do BNDES, Ricardo Rivera, as novas tecnologias propiciam o desenvolvimento sustentável do País, melhoram a qualidade de vida nas cidades e tornam as gestões municipais mais eficientes. “Projetos como o do CPQD têm capacidade para demonstrar o imenso potencial da utilização da internet das coisas no ambiente urbano, bem como as dificuldades encontradas no processo, funcionando como um laboratório em ambiente real para auxiliar o processo de massificação da tecnologia”, ponderou.

Avaliação e acompanhamento – Serão elaboradas metodologias específicas para avaliação de cada caso de uso contendo indicadores de natureza técnica, econômico-financeira (incluindo análise do modelo de negócio), socioambiental e de segurança da informação e interoperabilidade. O resultado será divulgado amplamente de forma que possa servir de base para o desenvolvimento de novas tecnologias e adoção de novos modelos de negócios por empresas, concessionárias de serviço, estados e municípios. As atividades de avaliação serão coordenadas pela Fundação Instituto de Administração (FIA) da USP.
Todo o trabalho será acompanhado por um comitê composto por membros do BNDES, MCTIC, CPqD e FIA e seus resultados estarão disponíveis de forma ampla à sociedade.

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