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Em 2017, a EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação (MCTIC), atingiu a marca de R$ 600 milhões em 369 projetos de inovação desenvolvidos em parceria com empresas e institutos de pesquisa de todo o Brasil, em três anos de atuação.  Os números mostram o sucesso do modelo de financiamento tripartite da EMBRAPII, no qual a entidade divide o investimento em PD&I com a indústria e com os institutos de pesquisa.
 
Dos quase R$ 600 milhões investidos, desde 2014, 1/3 é financiado pela EMBRAPII – R$ 198,9 milhões – com recurso não-reembolsável, ou seja, o setor industrial não precisa devolver o dinheiro ao final do projeto. O restante é dividido entre indústria e a unidade EMBRAPII, que entra com equipamentos e pessoal qualificado.
 
De acordo com o diretor-presidente, Jorge Guimarães, o bom desempenho comprova que o modelo de financiamento da EMBRAPII, que compartilha risco e diminui entraves burocráticos, tem sido bem aceito pelo setor produtivo brasileiro. “A iniciativa privada verifica no investimento em inovação uma oportunidade para sair da crise e aumentar a produtividade dos seus negócios”, avalia.
 
Jorge Guimarães, que tem doutorado em Ciências Biológicas e uma carreira universitária como professor na UFRRJ, UNIFESP, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP), na UNICAMP, UFF, UFRJ e UFRGS, concedeu essa entrevista exclusiva para o portal da ABES com mais detalhes sobre a atuação da EMBRAPII e as metas da empresa.
 
Das Unidades EMBRAPII, quais são as com mais vocação para desenvolvimento de inovações na área de TIC?
Temos 12 Unidades aptas a desenvolver projetos na área de TIC. Dentro do segmento, temos Unidades desenvolvendo projetos de ponta na área de Comunicações Ópticas, Eletrônica Embarcada, Sistemas Inteligentes e várias outras subáreas. Em 2016, a área de TIC foi a que mais se destacou, com 38,5% do total de projetos desenvolvidos no período. Podemos citar e descrever pelo menos três inovações no segmento de software, plataformas ou IoT. 
 
Uma delas é o primeiro beacon totalmente projetado e fabricado no Brasil, desenvolvido pela Unidade EMBRAPII CPqD em parceria com a Taggen Soluções IoT. Entre as vantagens do produto, está o custo mais acessível, até 50% menor que o componente importado, a comunicação via protocolo aberto – padrão Bluetooth – e outras funcionalidades inovadoras não disponíveis, atualmente, no mercado.
 
A Unidade EMBRAPII Senai Cimatec desenvolveu, em parceria com a Embraer, um software para simulação de empenamento em peças metálicas. O sistema auxilia a empresa na previsão do empenamento das peças metálicas ainda nas etapas iniciais de seus projetos, reduzindo os custos de reposição. E também podemos citar um sistema inteligente de comercialização de produtos odontológicos desenvolvido pela Unidade EMBRAPII Certi em parceria com a Gnatus.
 
Pode dar dicas de como estruturar um bom projeto para ser aprovado pelos parceiros e a EMBRAPII?
Na verdade, dentro do nosso modelo de negócios, o primeiro passo é ouvirmos as demandas das empresas e, a partir daí, montamos um cronograma de entrega da solução desta demanda. Nós é que iremos mostrar à empresa parceira nossa proposta de ação. Nosso objetivo é surpreender o cliente com o resultado do nosso trabalho.
 
Tem alguma região ou estado brasileiro no qual a EMBRAPII quer ampliar sua rede de parcerias?
Atualmente, estamos em todas as regiões do Brasil. Temos alguns estados onde ainda não estamos presentes, mas é nosso objetivo preencher estas lacunas. Há muitas instituições de ciência e tecnologia (ICT) no país, tanto públicas como privadas, que possuem capacidade de se tornar uma Unidade EMBRAPII. Uma de nossas metas é identificar essas ICT´s e, de certa forma, convencê-las a participarem de nossas Chamadas Públicas para credenciamento de Unidades.
 
Como está o percentual de procura e de desistência. Como manter o empreendedor estimulado a apostar em inovação?
Até o momento, estamos com 100% de aproveitamento nos resultados dos projetos. E temos visto que muitas empresas estão voltando à EMBRAPII para encomendar novos projetos de tão satisfeitas que ficaram com os resultados. É o caso da Votorantim, Embraer, Shell e a Cia. Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). Um dos caminhos para convencer o empreendedor de que o investimento em inovação é uma oportunidade para ele superar a crise é justamente por meio da criação de um ambiente propício a este investimento. Este ambiente passa por subsídio financeiro permanente, capital humano e recursos técnicos compatíveis com as demandas em inovação. Essa também é uma missão da EMBRAPII. Aproximar indústria e universidades, onde o resultado seja o fomento em inovação e aumento da competitividade empresarial.

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