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Para Vilson Martins Filho, é preciso incluir o professor como parte fundamental da adoção de tecnologias educacionais em sala de aula
 
O Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) sediou, em maio, o 3º Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica (FMEPT), construído de forma coletiva por mais de 100 entidades com o objetivo apoiar o movimento pelo direito universal à educação, um evento que contou com a participação da TI Teltec Solutions, empresa catarinense responsável por mostrar um projeto de atualização tecnológica neste fórum.
 
Numa entrevista especial para o Portal da ABES, o coordenador executivo da Teltec Solutions, Vilson Martins Filho, abordou os novos paradigmas de ensino e aprendizagem que estão diante da atividade docente no contexto do uso das TICs. Martins é responsável pelo desenvolvimento do TISA Educação 3.0, solução de capacitação de professores para uso de ferramentas digitais na sala de aula.
 
A visão inovadora da empresa tem rendido muitos frutos para as instituições de ensino e um reconhecimento internacional para a Teltec Solutions, eleita pela Cisco Systems, como o Innovator Partner of the Year in Americas. O desenho de soluções aliado à capacitação docente tem oportunizado cenários inovadores para as instituições de ensino no Brasil.
 
De acordo com o coordenador, depois de consolidar-se como fornecedora de tecnologia para o segmento, a Teltec Solutions, agora, busca contribuir para a construção de novos modelos pedagógicos neste cenário e para a criação de um ambiente educacional mais humano, colaborativo e, principalmente, sustentável. Confira a entrevista:
 
 
– Em sua avaliação, qual é o estágio de desenvolvimento da tecnologia aplicada à educação no Brasil?
O Brasil apresenta um cenário interessante, porém há um abismo cultural que separa professores e estudantes. Com relação à conectividade, dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil e do portal Todos pela Educação mostram que cerca de 75% dos estudantes acessam internet em casa e que pelo menos 25% realizaram algum tipo de curso online para sanar suas dúvidas. Isso significa que a tendência é que os estudantes estão desenvolvendo autonomia para gerir o processo de autoaprendizagem, consumindo cada vez mais informações e conteúdos relevantes para sanar dúvidas, por meio da consulta a diferentes repositórios de conhecimento.
 
Do ponto de vista dos professores, de 31,8% ainda não se sentem confiantes para usar tecnologias da informação e comunicação em sala de aula e 24% não encontram conteúdos de relevância para o seu contexto educacional. Outro dado interessante é que 20% dos professores não usam tecnologia por entender que a preparação do momento de aprendizagem requer tempo demais. A tendência resultante tem uma palavra: formação. Mais de 31% dos professores afirmam que desejam mais formação específica para trabalhar conceitos de ensino e aprendizagem em sala de aula.
 
Não basta apenas replicar tecnologias e facilitar o acesso a redes de informações, é preciso incluir o professor como parte fundamental da adoção de tecnologias educacionais em sala de aula. A gestão educacional, o momento de sala de aula, a expectativa social dos pais e empresas devem estar sensíveis às habilidades e competências do século XXI, no qual o empreendedorismo focado em inovação é o principal vetor de desenvolvimento e sustentabilidade.
 
É fundamental, junto ao investimento em infraestrutura, definir elementos-chave de desenvolvimento do ecossistema educacional, considerando professores, estudantes, conteúdos, plataformas, sistemas de avaliação, redes de aprendizagem, parcerias institucionais entre escola, universidade e empresas, pesquisa básica e pesquisa aplicada. Este é o novo paradigma no Brasil. Temos muito a desenvolver em termos de qualidade educacional e grandes oportunidades de desenvolvimento, porém precisamos agir em sinergia com os diferentes talentos que temos, aproveitando as melhores práticas internacionais, sem perder de vista o contexto de sala de aula.
 
– Quais foram as principais inovações apresentadas no Fórum de Educação Profissional e Tecnológica?
Entre todos os projetos e aplicações apresentadas, destacam-se as inovações desenvolvidas pela rede dos Institutos Federais de Educação. O grande destaque fica por conta dos núcleos de pesquisa que integraram necessidades regionais a tecnologias de alto desempenho e impacto. Os temas abordaram desde o georreferenciamento de dengue, produtos alimentícios de frutos exóticos da caatinga, embalagens com função antimicrobacteriana, tricículo elétrico para automação de irrigação e até uma panela aquecida que utiliza energia solar. Esses cases e muitos outros fazem uso da base de expansão de infraestrutura de tecnologias digitais no desdobramento de inovações, incrementais, radicais e até mesmo disruptivas.
 
– Quais as principais soluções da Teltec para educação e suas principais características e benefícios?
A Teltec Solutions tem 22 anos de atuação em infraestrutura de redes digitais de comunicação e informação, com destaque para os projetos da Vertical Educação, que representam cerca de 70% do total. Considerando apenas os projetos de 2014, beneficiamos cerca de 1,3 milhão de estudantes no Brasil. Isso se dá pela qualidade do atendimento, dimensionamento e implementação coerente aos objetivos das instituições.
 
O principal benefício que entregamos é a sustentabilidade no uso de investimentos para infraestrutura de TI. A complexidade e velocidade com que a área de tecnologia da informação e comunicação se desenvolve configuram um verdadeiro desafio. Mas, por meio de constante investimento em capacitação do corpo técnico e a consequente velocidade de resposta, conseguimos construir casos de sucesso. Trabalhamos com projetos tradicionais de dados, voz e vídeo integrados com diferentes arquiteturas, integrando soluções de cloud computing, eficiência energética, gerenciamento remoto de dispositivos e virtualização.
 
Com isso, a Teltec Solutions se destaca por apresentar excelência em projetos tradicionais de infraestrutura e o alinhamento estratégico com células de inovação, como cloud computing, eficiência energética, desenvolvimento de aplicações de software para gerenciamento e até mesmo um curso de capacitação docente.
 
– Você pode exemplificar uma aplicação de sucesso de uma solução Teltec (já em uso em alguma instituição de ensino)?
Podemos destacar um projeto em uma instituição de Acaraju, em Sergipe. O desafio nasceu de uma visão estratégica de educação do século XXI, que trouxe o desafio de disponibilizar a gestão e acesso à internet sem fio para 36 mil usuários simultâneos, com excelente performance de consumo de vídeos. O projeto foi desenvolvido em parceria com o cliente no decorrer de 8 meses e está em fase aplicação. Os resultados têm sido melhores que o projetado e cria uma base para repensar o processo de ensino e aprendizagem, em uma visão aplicada de futuro na educação. O próximo passo do projeto é integrar gestão energética, capacitação docente e repensar a expansão de oferta da modalidade a distância, já sob uma nova matriz de competência docente.
 
– Quais às tecnologias voltadas à educação que deverão se consolidar nos próximos anos?
Para o médio prazo, temos em vista o conceito de Internet de Todas as Coisas (IoE – Internet of Everything). Na prática, os equipamentos que proporcionam acesso à internet serão utilizados com diferentes funções como atuadores, sensores, processadores de dados e apresentadores de informações de dados. Isso cria um universo de dados ricos, que combinados trarão uma nova leitura da realidade. Ao invés de apenas acessarmos dados, teremos a oportunidade de construir conhecimento a partir de dados, de maneira mais rápida e principalmente segura. Se pensarmos no espaço da escola ou instituição de ensino, significa que qualquer ambiente pode se tornar um ambiente de aprendizagem contextual. Qualquer sala, corredor, elevador, escada, cozinha, pátio estará gerando informações a partir dos elementos presentes, como as lâmpadas, cadeiras, maçanetas, quadros, e diferentes dispositivos. Poderemos saber, por exemplo, a temperatura de cozimento de uma panela no fogão da escola juntamente com a análise química das reações que ali estão acontecendo, bem como o consumo de gás e a hora em que o cozimento foi iniciado. Tudo isso acessando o computador ou tablet, ou até mesmo nosso relógio.
 
Para o curto prazo, vemos a adoção de cloud computing, capacitação docente e gestão energética. Em termos de cloud computing, poderemos trazer para o cenário educacional uma infraestrutura escalável, de alta performance e de fácil gerenciamento e implementação. Isso significa que o atendimento de carga em horários e épocas de pico, como época de matrículas, fechamento de notas e publicação de resultados deixam de ser um problema para a gestão de TI.
 
Já com a capacitação docente, desenvolvemos uma metodologia criativa com foco em inovação. O nosso objetivo é que, por meio do curso TISA Educação 3.0, professores possam resignificar tecnologias para o seu contexto de plano de ensino, em uma dinâmica prática em ensino híbrido e pedagogias ativas. O curso se diferencia por não ser o tradicional curso de introdução a ferramentas, mas uma prática vivencial e experimental de métodos de ensino, apropriados por diferentes processos de comunicação digital com estudantes.
 
– Como é o trabalho da Teltec para preparar os professores para otimizar o uso de novas tecnologias na sala de aula?
O desenvolvimento do curso TISA Educação 3.0 iniciou em 2014 liderado por mim, como uma célula de inovação radical dentro da Tetlec Solutions. A presença de um professor, cursando um programa de doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), trouxe um viés de inovação como elemento essencial para as atividades em sala de aula.
 
Neste sentido, o curso TISA Educação 3.0 (Tecnologias e Inovação em Sala de Aula para a Educação 3.0) capacita professores no contexto da instituição. As oficinas práticas acontecem em quatro encontros presenciais, nos quais os professores conhecem abordagens de pedagogias ativas, e também têm período a distância, para a prática de competências de ensino híbrido. O curso tem quatro fases de desenvolvimento de competências, baseadas em Design Thinking: Descoberta, Inovação, Imersão e Transformação. Ao final do curso, os professores montam um manual de melhores práticas de TIC da instituição, uma espécie de “festival de inovação interno”, já como prática institucional.
 
O grande diferencial do curso é o aprofundamento prático no uso de tecnologias, respeitando o contexto institucional. Isso cria competência relevante para o contexto atual e aponta os tipos de investimentos institucionais na esfera de infraestrutura, conteúdos e pedagogias que os professores irão efetivamente utilizar em sala de aula. Além disso, cria o espaço para o empreendedorismo e ensino personalizado para os estudantes, aliando ensino e aprendizagem com a resolução de problemas complexos. O principal diferencial do TISA Educação 3.0 é criar relevância institucional para estudantes, professores, gestores e sociedade, por meio da apropriação das possibilidades que as tecnologias nos apresentam.

 

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