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Rodolfo Fücher, presidente da ABES, destacou na abertura do webinar Novos Tempos: Dados de Mercado de TI, realizado pela entidade no dia 30 de abril, que o propósito da associação é colaborar com a construção de um Brasil Mais Saudável, Mais Digital e Menos Desigual. “A gente sabe que a tecnologia da informação tem um poder enorme de compartilhar o conhecimento. Neste momento desafiador que estamos passando, vejo oportunidades de desenvolvermos novos modelos de negócios e discutirmos nosso mercado. Por isso, decidimos fazer esta série de webinares, chamada de Novos Tempos, e aproveito para agradecer a todos os palestrantes e à jornalista Cristina de Luca, que aceitou ser a moderadora deste debate”.

As fases da crise

“Na IDC, temos visto este momento de crise como um período de transição para uma nova realidade. Tem algumas fases que estão acontecendo de uma maneira encadeada. Tivemos o choque, de muita atribulação para as empresas entenderem o estágio no qual estavam. Passamos para o período de transição, de organização e definição dos planos de continuidade dos negócios. Agora, as empresas estão na fase de realinhamento e ajustes para chegarmos ao ‘novo normal’, com empresas em um estágio maior de transformação digital”, explicou Luciano Ramos, Gerente de Pesquisa e Consultoria para o segmento Enterprise na IDC Brasil, englobando as práticas de Infraestrutura, Software e Serviços de TI, com foco no mercado brasileiro. 

De acordo com o executivo, a previsão ajustada para 2020 aponta que os investimentos no mercado de TI deverão cair 5,5% no Brasil, sendo que US$ 5,1 bilhões deixarão de ser gastos este ano, mas com previsão de retomada do crescimento em 2021 e necessidade de acompanhamento muito próximo da movimentação do dólar. Por segmento de mercado de TI, Luciano comentou que os softwares deverão manter um desempenho de mercado positivo, assim como cloud, pois as soluções em nuvem foram percebidas como fortes aliadas para superação dos desafios neste momento adverso, seja IaaS, SaaS e PaaS. Outros segmentos que a Covid-19 vai impactar positivamente nos médio e longo prazos são os softwares e ferramentas de comunicação, as soluções de virtualização, colaboração e segurança da informação, além de Big Data, Analytics, IoT e Inteligência Artificial.

Mercado tem recursos

“Eu acho que essa pandemia vai fazer com que a gente reflita a respeito de uma série de situações e vamos dividir a nossa história entre antes e depois da Covid-19. Estamos vivendo uma crise de saúde pública, que é diferente de todas as outras que vivemos recentemente, pois elas foram de origem econômica. Hoje, nós continuamos com bastante recurso no mercado e, assim que tivermos uma luz no final do túnel, este dinheiro voltará a ser investido e já com retomada do crescimento em 2021”, avaliou Jorge Sukarie, presidente da Brasoftware Informática e vice-presidente do Conselho da ABES.

Jorge apontou mudanças no comportamento do consumidor que devem favorecer a indústria de TI, como os sistemas direcionados para o varejo on-line e off-line, educação à distância e saúde. “A tecnologia tem uma penetração horizontal em todos os setores da economia. Minha recomendação é de que as empresas de TI procurem identificar seu nicho de mercado e as oportunidades que ele oferece”, finalizou.

Novos paradigmas

Gérson Schmitt, fundador e presidente do Conselho da Paradigma, conselheiro da ABES e da ACATE (SC), reconhece que a Covid-19 atuou como um acelerador da transformação digital dos negócios, impulsionada pela necessidade. “Identifico que o varejo deve ter uma mudança grande, pois tanto as lojas pequenas como as grandes redes ainda não sabem se as vendas voltarão a ter uma escala que pague a estrutura que existia”. A mesma indefinição vale para a aviação, a locação de veículos, a hotelaria e o transporte coletivo. Por outro, na avaliação de Gérson, tem gente se mexendo para atender novas demandas em logística, no e-commerce, entre outras áreas. O novo cenário, entretanto, ainda está indefinido.

Em sua avaliação, as pessoas não sabem ainda como voltarão às empresas, pois existe um questionamento dos modelos operacionais. Mas, o fato é que as mudanças já chegaram. “Acredito que teremos um novo paradigma para definir o que é o sucesso. A pergunta que vale um milhão é “o que vem agora?”. Acredito que não vale olhar o futuro com os mesmos KPIs do passado. É preciso olhar para frente de maneira nova. Vamos pensar o novo, pois explodiu a ponte. Quem ficou de um lado, vai ter que aprender a nadar para atravessar esse jogo. Quem ficou no outro, precisará sair correndo, porque vem gente atrás”, ponderou.

Automação de processos

“Como já comentaram, para lidar com essa crise não existe modelo. As projeções mudam com muita frequência e ainda temos pouca consistência nas previsões”, falou Juliano Tubino, Vice-presidente de Novos Negócios da TOTVS. “O que temos visto nas indústrias é uma aceleração, pois as empresas que já usavam tecnologias, intensificaram o uso e, quem ainda não usava, teve que adotar”, completou. O setor de agro, por exemplo, precisará do blockchain para garantir a origem dos insumos ao longo de sua cadeia. As tecnologias emergentes, como realidade virtual, devem despontar neste cenário da transformação digital para mudar o formato das lives, por exemplo. “O ponto é que vão se diferenciar as empresas que conseguirem analisar e melhorar a automação dos processos existentes, mantendo a produtividade e com redução de custos. Muitas empresas podem sair menores desta crise, mas acredito que elas sairão melhores”, avaliou.  

Pílula x vitamina

João Porto, CEO e fundador da startup TrackerUp, abordou a criação de novos negócios e o conceito de “vitamina ou pílula”. “Vou dar um exemplo real. Eu sou diabético, insulina para mim é uma pílula, pois pode ter a crise que for que eu vou continuar comprando insulina. Mas, tem a vitamina C efervescente, que eu tomo todo dia de manhã. Essa vitamina em uma crise, eu vou cortar o consumo. Assim, quando a sua empresa resolve a dor e alguém, é mais difícil seu cliente parar de te consumir”, explicou.

João destacou a importância de os empreendedores identificarem o churn – uma métrica que indica o quanto uma empresa perdeu de receita ou clientes nesta crise. Em sua avaliação, o mercado tem dinheiro e o pessoal de Venture Capital está de olho nas empresas que se deram melhor neste momento. “Como os consumidores vão se comportar? Vai depender se termos uma cura ou um tratamento para a Covid-19 no curto prazo, o que ninguém ainda consegue responder. Se daqui a 6 meses, ainda tivermos só com um tratamento, eu acredito que alguns negócios, como o Starbucks e outras lojas físicas ainda continuarão mais vazios. Mas, se a cura vier, pode ser que as pessoas queiram voltar a ter a experiência do contato físico e o digital seja afetado”, concluiu.

Para assistir ao webinar na íntegra, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=MaCys5CMdKE

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